quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Se eu fosse Pessoa !

Tudo quanto penso,
Tudo quanto sou
É um deserto imenso
Onde nem eu estou.


Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas ...

Que já têm a forma do nosso corpo ...

E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares ...

É o tempo da travessia ...

E se não ousarmos fazê-la ...

Teremos ficado ... para sempre ...

À margem de nós mesmos...

Fernando Pessoa

sábado, 4 de outubro de 2008

Cartas que você não leu


Cara Fernanda

Com a intimidade conferida pela leitura mensal de tuas cartas, te escrevo. Pela proximidade que desenvolvemos desde oefeitourano e aritmética e, por teres escrito meu livro, te escrevo como quem fala com o espelho.

Por essa incrível sensação de que estou em todos os lugares, me vejo nos dedos que digitam cada palavra de "Tudo que você não soube", e depois de ter digitado sem saber, lendo, revivi a montanha russa de emoção que te inspirou.

Ri, chorei, pensei, divaguei, invejei, suspirei, tudo isso ininterruptamente de Brasília a Porto Alegre nas páginas do nosso livro.

E se me irrita te ver na TV, me inspira te ler.

Percebo feliz que não há divisão entre nós, nem entre eles, ou elas, ou todos, embora me sinta revoltada de não estar separada de outros monumentais babacas que rastejam por aí.


Que bom ler esse livro, quase um deja vú. Obrigada por ser tão simples e objetiva, irônica e sensível.

Agora mesmo vi sentado em outra poltrona mais à frente, outra parte de mim que gosto muito - Spolidoro - mas essa é outra carta.


Beijo, Xica